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Depressão Infantil

Aumento de casos de depressão infantil desperta a atenção de especialistas e preocupa as escolas.
Depressão não é tristeza. É uma doença que deve ser tratada. Se os adultos muitas vezes não conseguem perceber o problema dessa forma, o que se dirá de uma criança? A falta da percepção de que esse mal também acomete os pequenos está alarmando especialistas em infância e adolescência. Não é o único motivo de preocupação. O diagnóstico da enfermidade na garotada cresce e assusta os médicos.

Na Santa Casa de Misericórdia do Rio, por exemplo, o número de casos aumentou 10% de 1995 até agora. Dos pacientes atendidos nesse período, 76% chegaram ao hospital sem que os pais soubessem do estado depressivo dos filhos.

A depressão está associada a um desequilíbrio bioquímico entre os neurotransmissores (substâncias que fazem a comunicação entre os neurônios) serotonina e noradrenalina. Mas, por sua complexidade, a doença não pode ser resumida a essa disfunção. Há outros elementos que colaboram para o seu surgimento. São os "gatilhos". No caso dos adultos, eles podem ser desde o stress do desemprego ou a perda de uma pessoa querida. Nas crianças, há outras especificidades. Uma pesquisa da Universidade de Pittsburgh indica que a depressão pode estar relacionada à produção irregular do hormônio do crescimento. No estudo, ficou demonstrado que as crianças depressivas fabricavam uma quantidade inferior dessa substância. Mas os pesquisadores não sabem explicar por que esse decréscimo ocorre. E, em relação aos "gatilhos", também há diferenças. A separação dos pais, por exemplo, pode ser um deles. "Gatilhos como esse vêm aumentando. Eles não são a causa da doenças, mas os fatores que a deflagram", explica o psiquiatra Francisco Assumpção, do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Até por ser um fenômeno relativamente novo, o aumento da depressão infantil ainda não está representado em números de abrangência nacional. Mas há esforços para se ter uma idéia mais precisa do tamanho da doença no País. As Santas Casas do Rio e de São Paulo e a Universidade Federal de Goiânia, por exemplo, analisarão em conjunto 100 crianças até o final de 2001. Trata-se do 1º Estudo Epidemiológico e Terapêutico do Brasileiro, baseado num modelo americano que detectou sinais depressivos em 8% a 12% das crianças nos Estados Unidos.

O que já se sabe é que nos pequenos e jovens pacientes o mal não se manifesta do mesmo modo que no adulto. Esse fato representou um grande avanço para tratar a depressão infantil. "Antes, para ser considerada deprimida, a criança tinha de chorar muito e se isolar totalmente. Foi a partir da década de 80 que se percebeu que ela não é um adulto em miniatura e que tem características diferentes", explica o psiquiatra Fábio Barbirato, da Santa Casa de Misericórdia do Rio. Por esse motivo, não se deve esperar que a garotada repita o comportamento angustiado dos mais velhos.

"Tudo o que se aprende em relação ao adulto deprimido pode ser o inverso nas crianças", diz a psicoterapeuta Ana Olmos, de São Paulo.

A falta de corpo e de expressão expõe a angústia da criança

Nos pequenos, a depressão é diagnosticada quando o paciente apresenta alterações em seu desenvolvimento. Se ele deixou de ter prazer em atividades antes agradáveis, como, por exemplo, jogar videogame e sair com os amigos, atenção. "A depressão não é doença apenas da criança muito quieta, sem ânimo. É também da agressiva e hiperativa", ensina o psiquiatra infantil Haim Grunspun, de São Paulo. E mais: a tristeza não é característica obrigatória entre os menores (leia outros sinais no quadro ao lado). Observar o comportamento do filho, portanto, é fundamental. Principalmente se há histórico da doença na família.

Antes, a paciente expressava o medo e recusava as cores. Com a terapia, desenha elementos positivos. No fim, mostra alegria nos traços

Estudantes - Muitas vezes os sintomas da depressão infantil são captados pela escola. Anita Alves, ex-professora de Luana, de oito anos, foi quem percebeu problemas na aluna. A educadora recomendou aos pais da menina que procurassem um especialista. A garota não foi aprovada naquele ano, mas o apoio psicológico foi fundamental para que ela desse a volta por cima. Como Luana, outros estudantes deprimidos têm queda no rendimento escolar. Além disso, eles podem abusar do álcool, cometer pequenos delitos e brigar muito. Para a coordenadora pedagógica Tânia Rita de Almeida, de São Paulo, a escola dispõe de instrumentos que as famílias não têm. "Vemos como a criança brinca, se relaciona e estuda. Quando indicamos um psicólogo, muitos pais acham um absurdo", afirma.

A aceitação da depressão é realmente difícil. "O fato de assumir que o filho tem uma doença que precisa de remédio abala os pais", completa Ana Olmos. Mas o desafio tem de ser encarado. E logo. "Identificar o quanto antes o mal pode evitar situações dramáticas no futuro, como o abuso de drogas e até o suicídio", alerta Barbirato.

O tratamento é feito com antidepressivos e Psicoterapia. Nas sessões, os especialistas conversam com os pequenos. Também os avaliam por meio de desenhos. A maioria deles não tem vontade de criar figuras. Às vezes, quando eles se expressam no papel, o resultado é chocante. Surgem referências à tristeza, solidão e morte. Muitos desenhos não têm cor porque quase sempre as crianças abrem mão dos lápis coloridos. Mas, como mostram os desenhos publicados nesta reportagem, vale a pena insistir no tratamento. A volta da cor no papel é o sinal mais claro de que a alegria de viver está novamente a caminho.

*Os nomes dos personagens são fictícios

Colaborou Lena Castellón
O melhor aluno

"Desde pequeno meu filho era uma criança muito quieta, chorava à toa. Até os seis anos, não botava a meia sozinho. Um dia fui chamada pela professora da escola. Ela falou que Cristiano tinha problemas. Eu o levei a um neurologista. O médico disse que seu cérebro não se desenvolvia de acordo com a idade.

Aos sete anos, o pai morreu e a situação piorou. Chorava mais, ficava mais isolado e as notas na escola caíram. Parecia que tinha medo de adulto.

A psicóloga da escola indicou um hospital para crianças com problemas mentais. Não gostei do ambiente. Procurei a Santa Casa de Misericórdia do Rio, onde descobri que o caso era de depressão. Cris está em tratamento há três anos e melhorou muito. Não está tão triste, conversa mais. Esse ano ganhou o diploma de melhor aluno da sala, nem parece que antes fazia xixi na cama na véspera de prova. Hoje sei que a depressão é um processo, tem solução e que ele receberá alta quando ficar bom."

Janaína Porto, dona-de-casa, mãe de Cristiano, 10 anos
A festa de aniversário

"Minha filha sempre foi fechada. Já estava habituada a ser chamada pela escolinha por causa das dificuldades de aprendizado e dos problemas de relacionamento com os colegas. Tatiana não se dava bem com ninguém. Quando mudou para uma escola maior e o problema aumentou, achei que havia mesmo algo errado. O colégio sugeriu a procura de ajuda. Meu ex-marido achou absurdo. Para ele aquela era a personalidade dela e tínhamos que respeitar. Mas achei que ela sofria e isso me motivou a continuar. Quando a psicóloga falou em depressão fiquei assustada.

Para mim isso era coisa de adulto. Topei o tratamento, queria que ela fosse feliz. Hoje, depois de um ano e meio de terapia, vejo que valeu a pena. Esse foi o primeiro em 10 anos que a Tatiana quis fazer uma festa de aniversário e topou aprender a andar de bicicleta. Não é fácil assumir que seu filho tem depressão, mas negar pode ser pior. Não me arrependo. E se me arrependesse de algo, seria de não tê-la ajudado antes."

Mariana Lopes, 33 anos, professora, mãe de Tatiana, 10 anos.


Mãe, estou deprê - Isto É - Celina Côrtes e Lia Bock - 18/10/2000

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