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Me Separei e Agora?

me separei e agora“O amor não se pode definir; e talvez que esta seja a sua melhor definição. Sendo em nós limitado o modo de explicar, é infinito o modo de sentir; por isso nem tudo o que se sabe sentir, se sabe dizer: o gosto, e a dor, não se podem reduzir a palavras.”...

Matias Aires

Me separei, e agora?

‘Depois de tantos anos pensando em dois acordei em um mundo solo.’

Ser casado acaba por fazer parte da identidade da pessoa e a separação leva a uma profunda sensação de perda e sujeição, não sendo apenas a quebra de um contrato material mas a ruptura de profundos vínculos emotivos e sexuais. Ser casado definia quem o sujeito é, o que devia fazer, quais emoções sentir e como se comportar em cada ocasião.

Trazendo uma nova identidade pessoal e social o casamento através de sua promessa de ser eterno, dissipa o grande medo de perda do parceiro.

É praticamente inevitável que o período da separação seja vivido com uma espécie de raiva misturada a tantos outros sentimentos confusos e hostis à figura de apego. E de quem é a culpa? Em meio ao caos do rompimento amoroso esquecemos que toda relação é construída e desconstruída grão a grão por duas pessoas e por todos os elementos externos que atravessam esse que chamamos o “terceiro relacional”.

“... homens e mulheres, nossos contemporâneos, desesperados ao sentir-se facilmente descartáveis e abandonados em seus próprios recursos ... Contudo desconfiam todo o tempo de “estar em um relacionamento” e particularmente de estar em um relacionamento “para sempre”, por não falar de “eternamente”, pois temem que este estado possa converter-se em uma carga e ocasionar tensões que não se sentem capazes de suportar, e que podem limitar severamente a liberdade que necessitam...”

Bauman, Zygmunt – Amor Líquido

A principal base que alicerça um casamento saudável é o diálogo, entender o companheiro e se sentir compreendido por ele. Todas nossos vínculos, sejam profissionais ou pessoais, se estabelecem a partir de contratos. Através desses se sabe o que esperar e seus limites. Esse contrato deve estar claro e ser negociado na família com o cuidado de poder ser revisto à medida que a relação e as pessoas amadurecem. Ou seja, não deve ser rígido demais posto que quebraria como também não pode ser por demais flexível a ponto de não ter sentido.

Mas são vários os sintomas que denunciam antecipadamente desajustes na relação.

Na época de apaixonamento tudo era motivo de elogio, Mas com o tempo de convívio esses se transformam em críticas. E as críticas afastam. O casal começa a habitar nos defeitos do outro e não mais nas virtudes que os uniram.

Para evitar brigas e encarar a frustração da relação novos hábitos se desenvolvem. Multiplicam-se as horas extras, as viagens solitárias. Fugindo das brigas o casal impossibilita uma saudável renegociação do contrato relacional gerando rupturas. Camas e vidas separadas.

Em alguns casais encontramos uma relação que replica em sua vida adulta os desajustes vividos em infância. É uma repetição de um ambiente conflitivo mas conhecido. Nesses casais se encontram sintomas como a co-dependëncia, a perda da consciência da individualidade em uma relação que se torseparaçãoefilhosna um vício cercada de brigas e desrespeito.

Muitas vezes os casais optam por ficar juntos em função dos filhos sem avaliar o quanto a instabilidade do próprio relacionamento acaba gerando insegurança e ansiedade também para eles.

Por medo e pelo sofrimento, pela dor de enfrentar o luto e o isolamento também ocorre que muitos casais separados sentem a necessidade de reconciliação, ou vivem separados no que se torna uma doentia esperança de reconquista. Mas, sem um trabalho profundo de reflexão e elaboração das causas dos desajustes estes tenderão a se repetir, gerando novo ou maior sofrimento.

Esses casais não conseguiram encontrar na separação uma nova forma afirmativa de viver suas individualidades e acabam por encarar a relação a ancora salvadora para o turbilhão de emoções conflitivas que se deparam.

“Tenho visto as pessoas tornarem-se frequentemente neuróticas quando se contentam com respostas erradas ou inadequadas para as questões da vida. Elas buscam posição, casamento, reputação, sucesso externo ou dinheiro, e continuam infelizes e neuróticas mesmo depois de terem alcançado aquilo que tinham buscado. Essas pessoas encontram-se em geral confinadas a horizontes espirituais muito limitados. Sua vida não tem conteúdo ou significado suficientes. Se têm condições para ampliar e desenvolver personalidades mais abrangentes sua neurose costuma a desaparecer.”

Carl Jung

Um casamento pode ser feliz e vir a durar a vida inteira, ajustando o contrato relacional diante dos inevitáveis problemas, num vínculo de complementaridade e confiança. Mas em se tornando uma prática destrutiva, a separação não consiste apenas no rompimento com um passado que não pode mais viver, ela possibilita um caminho onde se permitem novas possibilidades para a própria vida.

A literatura nos estimula o ideal de um amor romântico onde ocorre a dissolução da individualidade e o tão poético “morrer de amor”. Devemos atentar que a tragédia romântica “Romeu e Julieta” é linda em conto e apenas isso.

E muitas vezes desse luto de uma “identidade a dois” a pessoa descobre uma personalidade muito mais fortalecida e múltipla.

é como nos diz Gilberto Gil (Drão)


...” Uma semente de ilusão
Tem que morrer pra germinar
Plantar nalgum lugar
Ressuscitar no chão
Nossa semeadura...”

Psicanalista Ana Suruagy Botto

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