Criatividade
Suponhamos que alguém criou
tudo o que aí está
e a vida e a morte.
Suponhamos que o criador
tenha a sua lógica
e sabedoria e bondade.
Suponhamos que, ao criar a morte,
ele criou o Tempo.
Fôssemos imortais,
o tempo não existiria, é claro.
Mas, é morte de que?
Suponhamos que este ser,
em seu poder infinito,
nos compensou da morte
com algo que não acaba.
Chamemos alma, espírito,
energia, sei lá,
qualquer coisa que,
suponhamos,
transcenda a vida e a morte.
Então, eu não seria um corpo
que morre e se desintegra.
Então, a contagem do Tempo seria vã,
a menos que eu o tornasse criativo.
Que visse a essência mais que a forma,
apesar de procurar,
criativamente, aprimorá-la.
Assim, eu me libertaria do tempo.
E ele seria apenas
uma serena espera
pelo que, seguramente,
viria depois.
Tudo isso caso, suponhamos,
eu acreditasse
que alguém me criou,
...etc, ...etc.