Transtorno do Pânico
Nos dias atuais, uma das preocupações de todo cidadão é proteger seu patrimônio, principalmente seu automóvel. Para isso, vários tipos de alarmes são utilizados, mas todos com o único propósito: evitar que seu veículo seja furtado. Observamos, porém, que em alguns veículos basta tocar em sua lataria e o alarme dispara. Em outros, há necessidade de tentar arrombá-lo para que isso aconteça. Já presenciamos também que alguns alarmes disparam sem que o veículo seja molestado. Isso acontece por causa de uma sensibilidade maior no mecanismo do alarme. Nesse caso, há necessidade de levá-lo para uma assistência técnica para a devida correção.
Nós também possuímos um alarme natural, situado na parte frontal de nossa cabeça, as amígdalas cerebrais. São dois órgãos em forma de amêndoas, o que justifica a sua denominação. Elas compõem o sistema límbico e agem independentemente de nossa vontade. Ao menor sinal de perigo, elas disparam o
alarme para que o sistema libere substâncias a fim de preparar o organismo para enfrentar um perigo iminente. As substâncias liberadas alteram todo o funcionamento do organismo, para que o indivíduo tenha condições de enfrentar o perigo, mas ele não percebe essas alterações e nem sente nenhum sintoma provocado por elas. Sua mente está totalmente direcionada para o mecanismo de luta ou fuga, está preocupada em preservar sua integridade física.
Algumas pessoas também possuem alarmes defeituosos, que disparam sem que haja um perigo real que as ameace. Nesse caso, mesmo não existindo perigo, a ordem vai ser dada e o organismo vai se preparar para enfrentar esse perigo inexistente. Só que agora a pessoa envolvida terá toda sua atenção direcionada aos sintomas provocados por essa transformação. Por não entender a razão dos sintomas e as alterações verificadas em seu corpo, ela entra em pânico por acreditar que está morrendo.
O mecanismo que induz ao disparo indevido do alarme está relacionado a um distúrbio químico dos neurotransmissores, substâncias responsáveis pelo transporte de mensagens de um neurônio para outro, dentre elas a serotonina e a noradrenalina, através de um espaço denominado fenda sináptica.
TRANSTORNO DO PÂNICO – TP - É a nova denominação da Síndrome do Pânico, determinada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). É um distúrbio de ansiedade que atinge 4 % da população brasileira, responsável pelo afastamento de milhões de pessoas de suas atividades profissionais e sociais. Segundo pesquisas recentes, sua origem é genética e está ligada ao cromossomo nº 15, no qual haveriam mutações em determinados genes, induzindo a uma predisposição de um desequilíbrio químico dos neurotransmissores nos neurônios, o que levaria ao disparo indevido das amígdalas, provocando uma crise no predisposto.
As crises envolvem os seguintes sintomas clássicos: calafrios; confusão mental; despersonalização; desconforto abdominal; distorção da realidade; dor no peito; falta de ar; fechamento da garganta; formigamento; medo de morrer, de enlouquecer ou de cometer ato descontrolado; náuseas; ondas de calor; palidez; palpitações; sudorese; taquicardia; vertigem ou sensação de desmaio. Além dos sintomas clássicos, outros são relatados pelos portadores: acordar sobressaltado; atordoamento; boca seca; cabeça pesada; contrações musculares; extra-sístoles; flatulência; intestino solto; irritabilidade; metabolismo acelerado; pés e mãos gelados; rubor facial; sede constante; urinar com freqüência e zumbido no ouvido. O portador não sente todos esses sintomas de uma só vez, sente em grupos, com variações em cada crise, passando por todos em diferentes crises ou sem sentir alguns. As crises têm duração de alguns minutos, com algumas repetições na semana, mas, dependendo do grau de ansiedade do portador, podem estender-se por várias horas, com várias repetições diárias. Quatro sintomas clássicos indicam probabilidade de diagnóstico positivo ao TP.
Os primeiros diagnósticos geralmente acontecem nos atendimentos de urgência, pois nas primeiras crises o paciente e seus familiares acreditam que existe o risco de vida. O paciente deve ser encaminhado a um psiquiatra para um diagnóstico final, pois esse distúrbio se enquadra na psiquiatria. O psiquiatra, antes do diagnóstico, vai solicitar exames clínicos e laboratoriais, para descartar outras doenças com sintomas semelhantes.
Depois de confirmado o diagnóstico do TP, o psiquiatra poderá, a seu critério, prescrever o uso de antidepressivos e tranqüilizantes. Em casos de Agorafobia*, um(a) psicólogo(a) será indicado(a) para aplicar a terapia. A mais indicada é a Cognitiva Comportamental.
* Agorafobia, é uma fobia que leva o portador a evitar lugares abertos, ou de saída difícil ou sem possibilidades de socorro imediato. Deriva do Grego: Ágora = Praça.)
A função dos antidepressivos nos neurônios é impedir que os neurotransmissores sejam recaptados pelo neurônio de origem, ou destruídos durante a sua travessia na fenda sináptica, impedindo que as mensagens sigam o seu destino. Neurotransmissores (serotonina e noradrenalina) são substâncias químicas que transportam as mensagens entre os neurônios. Fenda sináptica, é um espaço entre os neurônios.
Os antidepressivos funcionam como um "agente tampão", impedindo que os neurotransmissores retornem ao neurônio de origem.
O TP é um distúrbio recorrente, pode retornar após vários anos, mas, se tratado convenientemente, reduz as probabilidades do retorno nas crises, que, se ocorrerem, serão mais brandas.
A cura é relativa em medicina, pois depende de vários fatores ainda em estudo, mas, segundo recentes pesquisas, acontecem em 20% dos casos diagnosticados e tratados, em média, após sete anos sem sintomas.
O controle do TP já permite que o portador, mesmo sem estar curado, tenha uma vida social e profissional normal. Alguns sintomas isolados de baixa intensidade persistem na fase de controle, mas podem ser facilmente controlados com exercícios de relaxamento e respiratórios, sem necessidade de retornar aos medicamentos.
G R U P A N - GRUPO DE APOIO AOS PORTADORES DO TRANSTORNO DO PÂNICO
Rua Sucuri, nº 720 - Bairro São Geraldo - Belo Horizonte /MG - CEP: 31050-580
Telefax: 31-3487-2669 E-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
O GruPan foi fundado em 12 de setembro de 1999, pelo seu atual coordenador, escritor Fernando Mineiro. Portador do TP há mais de 42 anos, está atualmente na fase de controle, sem crises e sem medicamentos há mais de sete anos, porém ainda com sintomas isolados, mas perfeitamente administráveis com exercícios de relaxamento e respiratórios. Todo esse trabalho tem sido possível, porque ele conta com o apoio de sua dedicada esposa, Rúbia Coeli. É autor do livro: Tenho a Síndrome do Pânico, mas ela não me tem!, já na sua 2ª edição. Mantém uma página na Internet no endereço: www.gold.com.br/~mineiro
O GruPan é um grupo voluntário de auto-ajuda. Tem como finalidade dar apoio aos portadores do Transtorno do Pânico e a seus familiares, sem interferir na relação médico-paciente, por intermédio dos seguintes projetos: Encontros mensais – visa promover o exercício de exposição, divulgar técnicas de relaxamento e de respiração e incentivar a integração. Palestras educativas - em bairros, empresas e em outras cidades. Projeto Integração – relaciona e divulga, na Internet, portadores de uma mesma cidade, para integração, intercâmbio e criação de futuros grupos de auto-ajuda. Projeto Adote um Panicoso – dá garantias de tratamento, por meio de convênios com profissionais da Saúde Mental, a portadores de baixa renda. Projeto Bons Profissionais da Saúde Mental – relaciona profissionais que se enquadram em um perfil de bom atendimento e bons resultados, para fins de indicações, sugeridos pelos próprios portadores. Apoio via Internet – por meio de e-mails, enviando mensagens de otimismo para elevação da auto-estima, informações sobre o TP e técnicas para controle da ansiedade.
Este texto é parte integrante do folheto do GruPan. Nenhuma parte dele poderá ser utilizada ou reproduzida, sem a autorização do autor. Copyright © 2001 - Fernando Mineiro