Tratamento
Tratamento psicofarmacológico
O tratamento psicofarmacológico de ADD é feito com o uso de estimulantes como a Dextroanfetamina (Dexedrina) e do Metilfenidato (Ritalina). Os mecanismos de ação destas substâncias ainda é desconhecido, mas alguns autores acreditam que elas funcionam porque pessoas com ADD tem uma subestimulação do sistema nervoso central. Outros acham que o efeito destes estimulantes é devido a alteração nos mecanismos dos neurotransmissores como serotonina, dopamina ou norepinefrina, o que coincide com algumas hipóteses sobre as causas do ADD conforme já foi relatado neste texto.
" A dose inicial é de 2,5 a 5 mg diárias de dextroanfetamina e de 5 a 10 mg para o metilfenidato. A dose é aumentada até que se consiga o efeito desejado ou até que efeitos colaterais apareçam."(CHESS et. Al. 1982)
Estas drogas não devem ser dadas após as 15 ou 16 horas, pois por serem estimulantes podem causar problemas de sono (insônia) e deve ser suspensa em finais de semana e feriados para evitar problemas de tolerância às drogas.
Algumas crianças podem responder ao metilfenidato melhor que à dextroanfetamina e vice-versa. A duração do tratamento não pode ser medida e a dose diária varia de 5 a 40 mg de Dexedrina ou 5 a 80 mg de metilfenidato>. Os efeitos colaterais podem ser um aumento da atividade, anorexia, cefaléia, dor abdominal, irritabilidade, depressão, choro excessivo, e agravamento dos sintomas anteriores. Não há indícios que nenhuma destas drogas cause dependência (CHESS et. Al. 1982).
Nos EUA, houve recentemente um movimento que denunciou a suposta pressão de pais de crianças normais sobre profissionais de saúde mental de forma que estes receitassem metilfenidato (Ritalina) para os seus filhos. A acusação era de que estes pais com o auxílio de seus psiquiatras estariam usando o metilfenidato como uma "babá química", acalmando as crianças enquanto eles se ocupavam de outras tarefas.
O debate ainda continua, se o uso de metilfenidato é adquado ou exagerado, mas os seus efeitos em ADD são incontestáveis com pacientes apresentando melhoras em cerca de 90% dos casos e voltando a apresentar sintomas de ADD assim que a medicação é cortada.
Psicoterapia
Além do tratamento farmacológico é essencial que o ADD seja tratado também com psicoterapia. Isto deve ser feito porque ao longo de sua vida, especialmente antes de se ter feito o diagnóstico de ADD, as pessoas com este problema sofrem muito devido aos problemas causados pelo ADD. Não são raros casos de crianças que se sentem isoladas, são excluídas pelos colegas, são taxadas de burras ou incompetentes por pais e professores, são acusadas de serem mal educadas ou endiabradas por todos a sua volta. Também não são raros casos de adolescentes e adultos que entram em depressão por não conseguirem dar conta do que a sociedade exige deles, por esquecerem de coisas importantes, por serem incapazes de terminar as tarefas já iniciadas e por terem dificuldades em manter relacionamentos com outras pessoas. Todos estes casos acabam levando à uma sensação de desespero, ansiedade e de depressão que pode levar a pessoa às drogas ou até ao suicídio em casos mais graves.
Quanto mais tempo o ADD permanecer sem diagnóstico, maior será o sofrimento do paciente e maior será a necessidade de tratamento psicoterápico. Enquanto uma criança diagnosticada ainda na idade pré-escolar pode nem sentir os efeitos psicológicos negativos da ADD, um adulto já nos seus 30 ou 40 anos pode já ter sofrido tanto com os problemas sociais da ADD que a sua recuperação pode ser muito difícil, especialmente se este já chegou a apresentar outros problemas como o uso de drogas ou comportamentos anti-sociais.
Tipos de terapias indicadas
Devido ao problema de concentração apresentado por pessoas com ADD, devemos ter alguns cuidados ao escolher a linha de terapia que será utilizada no seu tratamento. Linhas de terapias excessivamente abertas como a Psicanálise e Rogeriana podem parecer para o paciente de ADD como um inferno de Dante, já que estes pacientes tem muita dificuldade de conseguir organizar o seus pensamentos e freqüentemente quando são submetidos à estes tipos de terapias, o resultado é quase sempre uma desistência do paciente ou um ataque de nervos do terapeuta que não irá conseguir extrair nenhum sentido das emissões desorganizadas e conectadas de forma ininteligíveis pela mente caótica do paciente.
Eventualmente até as linhas terapêuticas mais diretivas poderão parecer excessivamente abertas para um paciente com ADD e o terapeuta poderá se sentir obrigado a sair da sua posição normal e começar a direcionar a sessão de formas que seriam consideradas intrusivas em pacientes normais. O terapeuta deverá também ter conhecimento sobre ADD para poder conduzir a terapia de maneira que o paciente se sinta confortável e seguro. A vínculo de confiança também é muito importante porque em alguns casos o terapeuta acaba se tornando a única esperança que uma pessoa com ADD tem de ser compreendida e a última ponte de ligação com a sociedade.
Principais queixas psicológicas de crianças com ADD
No caso de crianças com ADD, os principais problemas encontrados são o isolamento dos colegas que muitas vezes descriminam a criança com ADD, a depressão e a baixa auto-estima por causa da dificuldade de agradar ao pais e aos professores, aversão à escola e comportamento agressivo.
Uma vez realizado o tratamento do problema biológico com remédios, estes problemas psicológicos deve ser resolvidos em uma ação conjunta entre o terapeuta, os pais, a família, a escola e os colegas da criança. Com o consentimento da criança, todos que se relacionam com ela devem ser avisados do problema, de suas conseqüência, do tratamento médico e de quais atitudes devem ser tomadas por eles para integrar a criança da melhor maneira possível. Todos sabemos que a informação é o melhor remédio contra o preconceito e é nesta base que devemos tratar o problema de adaptação social. É função dos profissionais envolvidos com a criança, informarem, avisarem e divulgarem a maior quantidade de informações possíveis, especialmente para o público em geral sobre o ADD. Isto não só ajudará as pessoas já diagnosticadas com o problema como também ajudará os eventuais casos não diagnosticados ou diagnosticados incorretamente.
Principais problemas psicológicos em adultos decorrente de ADD
Adultos com ADD normalmente apresentam muitas das mesmas queixas que crianças, só que com a carga de muito mais tempo de sofrimento tornando os problemas mais profundos e difíceis de serem resolvidos. Somado a este quadro existe o fato de que outras dificuldades decorrentes dos problemas do ADD tendem a surgir na vida adulta como dificuldades nas suas atividades diárias, trabalhos, problemas de relacionamentos, sensação de incapacidade para lidar com as tarefas que lhe são exigidas. Em casos mais graves, podem aparecer também o vício em drogas, comportamentos anti-sociais e outras doenças psiquiátricas associadas ao problema.
As dificuldades com as tarefas diárias normalmente causa grande sofrimento e estresse em profissionais com ADD. Estas dificuldades se manifestam por causa da dificuldade de concentração que acaba gerando uma queda na produtividade por problemas de impulsividade e agressividade que freqüentemente causam brigas com chefes e colegas, pela dificuldade de organização do tempo e de compromissos que leva a pessoas a perder reuniões importantes, esquecer de encontros já marcos com clientes, etc... Estes problemas levam o paciente a ser demitido com freqüência de empregos e a ter dificuldade em manter uma carreira. Em um caso relatado por HALLOWELL et al. descreve um homem que teve 124 empregos comprovados no período de um ano. É importante que o terapeuta compreenda este problema e tente fazer com que o paciente não se sinta um "incompetente sem solução" como freqüentemente estes pacientes se acusam de ser.
Os problemas de relacionamentos em ADD também são bem freqüentes. Para pessoas olhando do lado de fora uma pessoa com ADD pode parecer como sendo incapaz de manter uma amizade duradoura ou um relacionamento amoroso estável. A pessoa com ADD freqüentemente acaba se tornando solitária pois quase sempre briga com os amigos que consegue pouco tempo depois de iniciada a amizade e tem sérios problemas com relacionamento amorosos, que muitas vezes são instáveis e violentos, isto pode ser facilmente comprovado por algumas estatísticas em que cerca de 75% das pessoas com ADD acabam se divorciando. Estes problemas ocorrem porque na maioria dos casos o ADD não é diagnosticado a tempo, as pessoas que se relacionam com o paciente com ADD começam a achar que ele não presta atenção neles (as), que os problemas como desorganização esquecimento, etc. são propositais ao mesmo tempo que o paciente com ADD se sente cobrado em excesso pelo sua companheira (ro), levando à problemas conjugais. Muitas vezes este problemas podem ser evitados se o diagnóstico de ADD é feito, se informações sobre o problema são passados ao paciente e ao companheiro deste e se ao mesmo tempo for feito uma psicoterapia que pode ser individual ou de casal para que o casal se adapte encontre soluções para o problema.
Nos casos de problemas mais graves, é recomendável que o tratamento seja feito por uma equipe multidisciplinar devido à grande extensão de problemas associados e causados por ADD.
Suporte social
Embora a psicoterapia e o tratamento farmacológico possam ajudar o paciente com ADD, há limites para a capacidade de intervenção destes tratamentos. Ficaria muito difícil para um terapeuta que passa no máximo algumas horas por semana com o paciente resolver todos os problemas se as outras pessoas que passam o resto do tempo com o paciente não colaborarem no sentido de integrarem o indivíduo. É por este motivo que destacamos o importante papel que o suporte social feito pelas pessoas e instituições em contato com o paciente fazem no sentido de fazer com que ele se sinta como parte do meio social onde ele está inserido ao invés de isolado como uma espécie de "patinho feio". Destacamos mais uma vez a necessidade de que todos que estejam em volta do paciente se informem e compreendam o máximo que puderem sobre a condição, os problemas e as dificuldades do ADD, já que como já foi falado muitas vezes neste texto, a maioria das dificuldades encontradas pelo paciente não é somente causada pela doença, mas também causada pela falta de informação, falta de compreensão e preconceito em ralação ao ADD.