Casados e Solteiros
Quem sofre mais: os solteiros ou os casados?
Casados e SolteirosNo campo da afetividade, acredito que hoje enfrentamos uma fase de desencontros.
Nesta nova sociedade, onde os parâmetros tradicionais praticamente desapareceram, as pessoas estão meio perdidas, tentando encontrar um rumo. O sexo deixou de ser um tabu e colocou à mostra várias formas de inadequação sexual . A angústia e o vazio interior parecem espalhar-se por todos os lados. Sobra a carência, que cada um preenche a seu modo .
Nesse contexto, quem sofre mais?
Talvez os solteiros, não por opção, mas por total falta de opção. Você pode ter amigos, trabalhar, na maioria das vezes não enfrentar problemas financeiros, mas tudo isso não substitui a falta de afeto. A queixa freqüente é voltada para as dificuldades encontradas na busca de uma relação mais constante, que não seja apenas o "ficar". Por trás deste comportamento, existem medos do engajamento, do doar-se, do escolher um e perder outros. Apesar de todas as defesas e fugas, a solidão está sempre à espreita, machucando.
Quem sabe, são os casados?
Escolher casar, com a liberdade sexual de hoje, é realmente um ato de fé e de amor. Bem, aí foram felizes para sempre...Não, não é assim, infelizmente. As pessoas estão pouco dispostas a tolerar, a transigir. A compreensão, a sedução, parece que foram deixadas no tempo do namoro.
Quantas vezes se exige do outro o que ele não quer ou não pode dar? Que ele seja o que não é, como se pudéssemos moldá-lo na realização de nossos desejos e fantasias? Ou quando achamos que tudo o que o outro faz, nunca é o bastante?
É aí, quando as expectativas são frustradas, que começam as brigas , o distanciamento. Freqüentes discussões improdutivas sobre os mesmos tópicos dinheiro, sexo, criação dos filhos, culpar um ao outro, etc.), as vezes com acusações e explosões de ira, têm como ponto comum querer vencer a qualquer custo. Essas hostilidades , não raro envolvendo ataques ao caráter um do outro, deixam um rastro de mágoas de muito difícil superação. Ou, pior ainda, podem gerar um sentimento de exaustão ou desistência de tentar uma saída.
Separar às vezes é considerado mais fácil do que procurar consertar as coisas. Ou então, manter o casamento e as aparências, fingindo que as divergências não existem, partindo cada um para o seu lado, suas atividades, diversões, novas conquistas...
Enfim, o que é um casal?
Duas pessoas que decidiram viver juntas e que são co-responsáveis pelo acerto ou não da relação. A atenção , o carinho, a conquista, não terminam no casamento, iniciam com ele. Cada um traz para o casamento o seu mundo interior, que foi moldado desde o nascimento e que vai depositar-se naquela relação, trazendo conflitos inesperados e sensações de estranhamento.
Quantas vezes se pensa : - "não foi com essa pessoa que eu casei "!
Em psicoterapia, examinando a dinâmica de cada casal, pode-se identificar os motivos e emoções que deflagram os conflitos. E esse trabalho conjunto pode levar a uma forma de discussão produtiva, ao respeito mútuo, a uma vivência sexual mais satisfatória. Enfim, serão substituídas a competição ou acomodação pela colaboração, gerando um sentimento de estar crescendo juntos.
Muitas vezes a separação é inevitável...
Os sentimentos comuns de perda, medo, fracasso, raiva, podem resultar em violência ou depressão.
Surge , então, uma fase decisiva , que pode levar a vários caminhos : ou uma verdadeira batalha, onde todos perdem com a perpetuação da mágoa e dos ressentimentos ,ou trabalhar para superar este trauma e tornar-se pronto para reconstruir uma vida afetivamente mais feliz.
Psic. Simone Mello Suruagy