Feliz Aniversário
Como posso, ansiando o eterno,
cultivar o efêmero?
Viva o hoje, o aqui-e-agora,
diz a vã filosofia
ocidental.
E agora?
Transcendo,
enterneço e eterneço,
ou embruteço e agoro?
Não sou nada
se me projeto para o eterno.
Menos ainda, se me perco
na fugacidade do momento,
que me dilui,
que me rouba a alma.
Vivo esse dilema:
a maldição da finitude
e a ânsia do infinito.
Não sei para que lado vou.
Mergulhar no presente
e, paradoxalmente,
eternizar o agora?
De onde vem esse miserável dom
de pensar e sofrer?
Aí me perco outra vez
no Acaso ou na Criação.
Quem sou eu, se é que sou?
Quem serei, se estou quase
deixando de ser?